Cantasol

Sobre o CANTASOL

O Sistema Canteiros de Comercialização Solidária (CANTASOL) tem origem nas experiências do Sistema de Comercialização Solidária (SISCOS) do Instituto Ouro Verde (IOV) de Alta Floresta, MT.

O projeto de Pesquisa e Extensão Universitária, Canteiros de Sabores e Saberes (CANTEIROS), da UNEMAT de Sinop, MT, tem como foco dar respostas à profunda crise educacional de todo o sistema, fundamentalmente, do setor universitário. Gerações de estudantes passam pela universidade sem que a universidade passe por eles; a máquina burocrática se impõe de modo imperial, fazendo com que o conhecimento científico seja relegado a segundo plano. O Canteiros ousou enfrentar esse quadro através de Metodologia de Projetos de Aprendizagem com foco nas questões identificadas como sendo as mais significativas para a Região Norte do Mato Grosso, tida como o Portal da Amazônia. O que mais assombra nessa região é o desmatamento desenfreado, a evolução das práticas agrícolas de modo extensivo, utilização de agrotóxicos em níveis altamente condenáveis, dando conta de que consumimos quase seis vezes a quantidade média de veneno consumido em território nacional. A pergunta que nos formulamos é por que, apesar da realidade saltar aos olhos, o mito do progresso se mantém incólume, em que pese questões básicas de saúde pública apontar na direção de problemas futuros de grande monta.

Nesse sentido, a temática agroecológica “brotou” em nossos canteiros de modo mais ou menos natural. Dentre outras tantas iniciativas, em diversas áreas, da Saúde, Educação, Engenharias, Ciências Econômicas, Direito Público, as Ciências Agrárias e Ambientais adquiriram um contorno fundamental para o nosso projeto, fato confirmado inclusive pela escolha do nome, Projeto Canteiros.

No campo metodológico, a Metodologia de Projetos aponta na direção da participação em redes de saberes em diversos níveis. Buscando tais práticas, interessou-nos conhecer trabalhos de diversos grupos de nosso entorno, em especial, do Instituto Ouro Verde, já há alguns anos, sob todos os aspectos; nos interessa, nesse momento, focar o trabalho de comercialização direta do produtor à mesa da população, sem ágio e sem veneno, o SISCOS.

Recentemente, o Projeto Múltiplos Olhares Pedagógicos da Educação do Campo (MOPEC), Rede que congrega o Projeto Canteiros, inclusive, iniciou trabalhos efetivos em conjunto com o Instituto Ouro Verde. Fruto dessa aproximação, o MOPEC proporcionou um encontro com seus membros e o Canteiros para estudar a viabilidade de implantação de um sistema de comercialização direta na região de Sinop. Durante uma das etapas do Curso de Pedagogia do Campo, coordenado pelo MOPEC e com participação desse conjunto de parceiros, reunimos com lideranças dos assentamentos Doze de Outubro e Zumbi dos Palmares, Cláudia, MT, e assumimos o compromisso de conhecer melhor o SISCOS, e apresentar a proposta ao conjunto de assentados e assentadas.

No mês de março de 2013, uma representação das partes aqui tratadas viajou à Alta Floresta e passou dois dias conhecendo profundamente o Sistema, desde a parte de informatização, passando pelas práticas concretas de entrega das encomendas e visita a dois Sistemas Agroflorestais, onde se praticam conceitos de alta profundidade no campo da agroecologia.

Ânimos renovados com nossa visita, logo em seguida, o IOV esteve no Assentamento Doze de Outubro e proporcionou uma Oficina sobre o SISCOS com os produtores dos dois assentamentos, que aceitaram, em Assembleia, o desafio de fazer uma experiência com o sistema. Essa reunião foi organizada pela Cooperativa de Produtores Agropecuários da Região Norte do Mato Grosso (COOPERVIA).

Daí em diante, o Projeto Canteiros formulou a proposta do CANTASOL assessorado integralmente pela equipe do IOV, desenvolvendo elementos inerentes às condições reais em que os grupos que o compõem apresentam.  Da parte dos produtores, a coordenação dos trabalhos foi assumida pela COOPERVIA, embora congregue produtores de um arco mais amplo do que os limites da própria cooperativa.

Diversas Assembleias se seguiram, onde os produtores e a equipe do Cantasol definiram todos os elementos que compõe o sistema: produtos comercializados, quantidade, unidades de medidas, nomenclatura; o próprio nome “Cantasol” foi apresentado, defendido e votado, sendo aprovado por unanimidade.

Semanalmente, os produtores apresentam uma lista de produtos disponíveis à venda, os compradores fazem suas encomendas e as retiram em um ponto de entrega na UNEMAT.
A fase de experiência tem sido avaliada, da parte dos produtores, dos consumidores e da equipe do Cantasol, como bastante positiva. Até então, grande parte dos assentados produzia apenas para consumo próprio, dadas as dificuldades de transporte e de colocação no mercado, já que os assentamentos se localizam a mais de 50 km de centros urbanos, Sinop, Itaúba e Cláudia; os consumidores têm aprovado a qualidade e os preços dos produtos; a equipe do Cantasol está tendo a oportunidade de por em prática as teorias sobre Economia Sociossolidária que se apresentam nas salas de aulas, mas que pouco se sabia sobre o seu funcionamento prático.

Iniciamos com métodos simples de controle gerencial e, uma vez que decidimos prosseguir e aprofundar a experiência, estamos implantando o sistema digital, gentilmente cedido pelo IOV. Esse sistema possui ferramentas eficazes de controle que servirão para melhorar o sistema cotidianamente até atingirmos níveis de excelência, que estaremos sempre buscando. No campo da produção, já estamos planejando e programando atividades de caráter agroecológico em todo o processo de produção, na direção de práticas de consumo saudáveis e principalmente responsáveis no campo educativo para as futuras gerações..